5 de maio de 2015

Kool-Aid

Há uns dias ouvi a Leonor Pinhão n’A Bola TV (a probabilidade de estar a fazer zapping e encontrar um/a benfiquista a falar n'A Bola TV é de 90%) a dizer que um dos grandes méritos de Luís Filipe Vieira foi a forma como conseguiu unir o Benfica pós-Vale e Azevedo. E é verdade. Concordo. Sem essa união – artificial, forjada, imposta, natural, não interessa como –, duvido que LFV tivesse aguentado aquelas primeiras épocas de Fernando Santos, Quique Flores, Koeman ou Camacho.
Todos os dias vamos assistindo a manifestações de alguns sportinguistas insatisfeitos com o rumo deste “novo” Sporting. A maior parte dessas manifestações são de sportinguistas "anónimos", a maior parte delas feitas na net, seja em blogs, fóruns ou posts de Facebook. Há ainda, regularmente, declarações públicas de sportinguistas “ilustres” mas, admitamos, bem menos do que eram há uns tempos. 

É a eterna discussão “Croquette vs Brunette”.

Confesso que, após ouvir tantas vezes os mesmos de sempre, seja nos jornais, tvs ou blogs, a fazer as mesmas criticas de sempre, se eles estarão certos e eu errado e se já terei “bebido o Kool-Aid”. Em 1978, ocorreu um dos maiores suicídios em massa de sempre. Novecentas e dezoito pessoas, membros da “igreja” Templo dos Povos, seguiram as palavras insanas do seu líder, Jim Jomes, e tomaram uma mistura mortal de cianeto de potássio misturado com um refrigerante americano, tipo Tang,  da marca Kool-Aid, numa comunidade por eles montada, chamada Jonestown e situada na Guiana, América do Sul.  Daí a expressão popular e muitas vezes ouvida em séries e filmes americanos, “drinking the Kool-Aid”, isto é, uma lavagem cerebral tal, num indivíduo ou grupo, e que os faz manter uma crença inquestionável em alguém ou nalguma organização, sem nunca a questionar.

Como saber se “bebemos o Kool-Aid”?

Nada melhor do que ouvir a opinião dos estrangeiros sobre nós ou o nosso país, para termos uma ideia clara e desinteressada sobre nós próprios. Por ex., quando, aqui há dias, se falou um projecto de lei qualquer elaborado pelos maiores partidos portugueses que pretendia “controlar” os meios de comunicação social nos períodos eleitorais, o maior destaque dado pelos próprios media quando noticiavam o assunto, era a palavra “censura” utilizada pelo jornal espanhol El País. Quando ouvimos “espanhol”, parámos para ouvir. Somos assim, não há nada a fazer. Quando Manoel Oliveira morreu, a única pessoa que os media queriam ouvir era o John Malkovich

Quem são os "estrangeiros" do Sporting?

Quer queiramos, quer não, toda a opinião "especializada" sobre o Sporting é construída em Lisboa. Sejam adeptos, jornais ou televisões, a maior parte das opiniões tem uma visão demasiado focalizada na árvore (A equipa de júniores é uma merda? Bruno de Carvalho devia ou não ter comemorado a vitória na Taça CERS?) e pouco na floresta (Estamos melhores ou piores do que estávamos? É este o rumo a seguir?) e o grande problema destas opiniões “localizadas” é que a maior parte delas são, como diriam os anglo-saxónicos, “biased”, isto é, são parciais, preconceituosas, tendenciosas. Não digo que sejam propositadamente mas que, a grande maioria delas, são... são.


Os “estrangeiros” do Sporting são os adeptos do Norte, Trás-Os-Montes, Algarve ou Açores e emigrantes. São eles, com uma visão periférica e desinteressada (não pertencem a claques, não são ex-dirigentes, não são jornalistas e muitos não são sequer sócios), que nos conseguem transmitir o verdadeiro e actual sentimento sportinguista e “desintoxicado” de camarotes, boladas ou nortadas.



E avaliar pelo que têm a dizer, ainda não bebemos o Kool-Aid. 






P.S. O sotaque das Leoas do norte é delicioso. :)

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